Flexibilidade é a palavra de ordem no atual movimento de volta aos escritórios e traz benefícios para as pessoas e para a organização.

Mesmo as empresas que têm seus negócios rodando em atividades presenciais aprenderam a trabalhar de uma nova forma durante a pandemia – e esse aprendizado será absorvido para 2022. Entre aquelas que puderam mandar grande parte de sua força de trabalho para a casa, a flexibilidade será adotada no retorno ao escritório – e o modelo híbrido ganha espaço.

Esses dois caminhos refletem os contextos vividos pelas empresas vencedoras do “Valor Carreira”, prêmio que elege as Melhores na Gestão Pessoas e é realizado pelo Valor Econômico em parceria com a consultoria Mercer. Flexibilidade e uma cultura mais ágil e colaborativa é o desejo da maioria.

Durante a cerimônia de premiação, realizada ontem (22) à noite, diretores de Recursos Humanos das premiadas comentaram quais os modelos de trabalho deverão perdurar após o impacto da pandemia, como vêm aprimorando a gestão de pessoas e o que pretendem, em termos de modelo de trabalho ou benefícios, adotar em 2022.

Na Liberty Seguros, a primeira colocada da categoria de 1.501 a 3.000 empregados, a diretora de recursos humanos (RH), Delane Gianetti, anunciou um novo modelo de trabalho, chamado de hub digital. O modelo surgiu após pesquisas internas mais recentes indicarem a demanda de funcionários por maior flexibilidade e foi desenhado para, segundo Gianetti, para “proporcionar conexões mais colaborativas e significativas para os funcionários”.

O hub englobará três modalidades: 100% home office, com as pessoas podendo comparecer até duas vezes por mês ao escritório; o híbrido, com presença até duas vezes por semana e o modelo 100% no escritório. “Esse modelo está sendo construído com ajuda dos funcionários, através do Programa Acelera Ideia, para que esse ambiente fique mais gostoso, atrativo e colaborativo.”

Na Pfizer, a líder da categoria de 1.001 a 1.500 funcionários e eleita a Melhor Empresa na Gestão de Pessoas nesta edição de 2021, Sheila Ceglio, diretora de RH, afirmou que a companhia percebeu na pandemia que a flexibilidade na jornada de trabalho trouxe benefícios para as pessoas e para a organização. Dessa forma, a empresa começou a reformar seu escritório durante a pandemia para ser um local que os funcionários frequentem para trabalhar em atividade de colaboração ou cocriação.

Segundo ela, quando for necessário desempenhar tarefas que exigem maior concentração, os funcionários poderão organizar sua agenda de modo a ficar em home office. “Ou seja: não existe um modelo único. A ideia é um modelo que se adapte a cada um dos colegas.”

Em 2022, o Grupo Petrópolis, vencedor na categoria acima de 17 mil funcionários, o modelo híbrido será adotado para “atender necessidades individuais” e como uma forma de gestão para buscar “líderes cada vez mais autônomos”, afirmou Magdiel Moda, diretor de Recursos Humanos. De acordo com Moda, o grupo que tem 25 mil trabalhadores, espalhados pelo Brasil e é familiar, tem vivenciado nos últimos anos uma jornada de preparação das lideranças.

Apesar do trabalho presencial da maioria durante a pandemia, por ter um negócio baseado em obras de infraestrutura, a Construtora Barbosa Mello, primeiro lugar na categoria de 3.001 a 7.000 empregados, conseguiu adotar o home office para parte de sua força de trabalho. Alícia Figueiró, vice-presidente corporativa, disse que a empresa aprendeu com a experiência e que vivenciou – da mistura de formatos de trabalho – a criação de uma cultura mais ágil, com uma mentalidade onde líderes e times se fortaleçam, as entregas sejam certas e a comunicação clara. “E isso será fortalecido em 2022, até para garantir a sustentabilidade do negócio e engajamento dos funcionários”.

Ganhadora na categoria de 7.001 a 17.000 funcionários, a Usina São Martinho, afirmou que continuará investindo em 2022 em um modelo que chama de “meritocrático”. É focado no desenvolvimento das pessoas e tem o RH como protagonista”, diz Luciana Carvas, diretora de RH. No evento, ela afirmou que a empresa está desenvolve uma plataforma on-line de treinamento, para melhorar toda a experiência positiva na jornada de trabalho dos funcionários.

Quanto ao modelo de trabalho para 2022, a Usina São Martinho irá permitir que as pessoas trabalhem em “hubs”, podendo optar por aqueles mais próximos de sua residência, “reduzindo tempo de deslocamento e proporcionando mais qualidade de vida”.

Na Kles Serviço e Limpeza, o trabalho é presencial, porque envolve serviços de vigilância, portaria, limpeza e recepção. Marcele Vardiero, CEO da empresa, vencedora na categoria de 501 a 1.000 funcionários, afirmou que “não dá inovar muito no modelo de trabalho em si”, mas com a pandemia a empresa criou iniciativas focadas na saúde dos funcionários. Uma delas envolveu a “saúde financeira”, e a Kles fechou uma parceria com uma fintech para oferecer empréstimos a juros abaixo do mercado aos funcionários.

No âmbito da saúde física e emocional, a empresa pretende adotar em 2022 a telemedicina para cerca de 800 colaboradores. “Vamos também aprimorar nosso aplicativo para oferecer serviços de RH na palma da mão. Com isso, vai aumentar a agilidade, a conexão com o colaborador e o engajamento deles com a empresa.”

Na Rio Branco Distribuidora, Fabio Emanoel de Oliveira disse que a pandemia forçou a empresa a repensar toda a estrutura de negócios. Segundo ele, sem citar maiores detalhes, a empresa vem promovendo adequações para proporcionar um ambiente de trabalho melhor. Em paralelo, vem promovendo uma “renovação organizacional” principalmente na alta gestão, o que contribuirá para a formação de novos líderes em 2022, afirma. “Isso faz parte do plano contínuo de sucessores cada vez mais capacitados”, diz Oliveira.

Durante o evento, ele citou projetos da empresa, como o “Caixa de Ideias”, que estão sendo desenhados para conferir autonomia e promover um maior envolvimento dos funcionários diante de um contexto de mudanças.

Fonte: Valor Econômico